#1 - Onde habitam meus heróis

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Vou logo abrindo o jogo: sou inexplicável, incorrigível e visceralmente apaixonado por Nova York. Se você não é, pare por aqui, não perca seu tempo com este bat-texto. Mas se é um dos meus, acomode-se e seja bem-vindo. Depois de muitos ensaios e viagens curtas, estou realizando um sonho: morar em Manhattan por uma temporada significativa o suficiente para viver de verdade a loucura-criativa, a genialidade-neurótica, a convergência de multitalentos e, se possível, uma boa parte dos sabores que se multiplicam e iluminam essa cidade, up and down, east to west. Quero desfrutar das mesas e dos balcões mais divertidos, trocar ideias com as cabeças mais criativas e aprender com os empreendedores mais destemidos do pedaço. E você está mais que convidado a vir comigo nessa jornada.

Não sei se foi assim também com você, mas minha paixão por Nova York (ou seria Gotham City?) é antiga. Ainda moleque, conheci a cidade através dos super-heróis que, para defendê-la contra as garras do mal, rasgavam seu skyline voando sei lá como, pulando de teia em teia ou pilotando bólidos futuristas entre becos obscuros. O que importa é que depois de uns bons POWs!, CRASHs! e BOOMs! eles sempre resolviam a parada. No fim, restava magnânima a Big Apple, preservada, sã e salva. Good job, guys!

Visitei Nova York “de verdade” pela primeira vez só em 1994, com Sergio e Edgard, dois dos meus sócios e irmãos que a vida me deu. Nova York selou nossa amizade e foi lá, entre sanduíches perigosamente apimentados, latas enormes de Budweiser e fins de noite no Village Vanguard, que pela primeira vez sonhamos em montar um bar. Dois anos e meio depois nascia o nosso Original, matriz de todos os projetos que criamos nos últimos 25 anos: Pirajá, Astor, Bráz, Lanchonete da Cidade, ICI Brasserie, e por aí foi.

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Nesse período, os trajes e superpoderes dos meus heróis favoritos foram naturalmente se transformando… Caíram capas e máscaras, entraram panelas, facas, gravatas-borboleta e coqueteleiras… Sinais desses tempos foodie, meu DNA boêmio, fome e sede insaciáveis, paixão profissional? Sei lá, não sei explicar, mas me transformei em alguém obsessivo pelo universo de bares e restaurantes. Esse é o meu lugar no mundo. Concluí que, definitivamente, curto muito mais (consumir e servir) um perfeito Dry Martini (stirred) e uma bela pizza (fermentação natural, por favor!) do que tiros e porradas. Então surgiram novos personagens preferidos: Anthony Bourdain, Daniel Boulud, Danny Meyer, Thomas Keller, April Bloomfield, David Chang, Missy Robbins, Daniel Humm, Will Guidara, Dan Barber, Steve Schneider, Anthony Mangieri, Ignacio Mattos, Anthony Falco, Greg Braxton, Emily Hyland, Stephen Starr, Mario Carbone, Naren Young… A lista dos profissionais que acompanho e admiro na espetacular selva gastronômica de Nova York é infinita. Mas desde que mergulhei profissionalmente no mundo de bares e restaurantes, usando Nova York como referência máxima do poder de combater o mal através de sabor, hospitalidade, inovação e vibe, elegi Keith McNally como meu super-herói favorito. Se você já o viu em ação, deve concordar comigo. Você nunca ouviu falar dele? Santa encrenca! Semana que vem a gente conversa.

 
 
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